A crise de Tammy atingiu um clímax público e inegável em março de 1983, durante as filmagens de Scarface, em Miami. Ela estava escalada para um papel menor, mas crucial: a garota na infame "cena da serra elétrica". Ironicamente, o universo de violência e excesso do filme refletiu a paranoia que estava consumindo sua vida real, mas o gatilho foi a violência simulada no set.

Durante a gravação da cena, que envolvia sangue artificial e violência coreografada, Tammy teve um colapso histérico. Seu amigo, Walter Liebowitz, a descreveu em um "tremendo estado de medo e ansiedade". Essa reação intensa ao sangue falso é um indicador fortíssimo: para ela, a linha entre a ficção brutal e a ameaça real que ela temia havia se desfeito completamente.

Ela abandonou o filme imediatamente e voltou para casa em Rockledge. Sua mãe, Linda, sentiu-se forçada a interná-la em um centro de saúde mental após Tammy "estourar," quebrando janelas em casa. O internamento, no entanto, durou apenas 72 horas. E aqui reside um ponto crítico na tragédia. Os relatórios confirmaram que ela não havia usado drogas ou álcool, o que elimina a hipótese de psicose induzida por substâncias.

Sua liberação tão rápida, apesar do histórico recente de violência e paranoia aguda, é um mistério dentro do mistério. O sistema de saúde falhou em estabilizá-la adequadamente, colocando a jovem mais vulnerável de volta ao ambiente que ela mais temia. Era apenas uma questão de horas até que a paranoia, real ou não, culminasse em algo fatal.

Na manhã de 6 de julho de 1983, Tammy saiu de casa com um "amigo do sexo masculino." O contraste com a modelo de passarela era chocante: ela não havia penteado o cabelo – algo inimaginável para alguém obcecada pela imagem – e vestia apenas uma camisa floral, saia jeans e chinelos. Essa desorganização é um forte indicativo de que a fuga não foi um ato de vontade própria, mas sim ação sob trauma ou coação.

A última pessoa a vê-la foi esse "amigo". Ele relatou às autoridades que, após uma "discussão verbal", Tammy pediu para ser deixada no estacionamento do famoso "Glass Bank" em Cocoa Beach. O ato de deixá-la ali, em um local movimentado e em um estado de fragilidade mental evidente, a apenas um dia de sua internação, sugere, no mínimo, um extremo descaso por parte desse último contato.

As inconsistências do relato policial só aumentam o mistério. Enquanto o Detetive Jim Skragg afirmou que Tammy foi deixada descalça e sem bolsa, o Centro Nacional de Pessoas Desaparecidas (NamUs) aponta que ela carregava uma bolsa cinza. Estava ela completamente desamparada ou tinha algum pertence? A contradição levanta sérias dúvidas sobre a precisão — ou a honestidade — do testemunho do último amigo.

Deixar uma jovem ambiciosa, mas mentalmente desorganizada, descalça em um estacionamento movimentado cinco milhas de casa criou uma oportunidade fatal. Isso poderia ter sido para um predador aleatório, como o notório serial killer Christopher Wilder, ou para alguém em seu círculo íntimo que finalmente conseguiu o que queria: silenciá-la permanentemente.

Embora a polícia tenha considerado a teoria da "fuga voluntária" – baseada em alegações de que ela queria sair de casa –, essa hipótese é a mais frágil. Uma modelo com planos de mudar-se para a Califórnia dificilmente iniciaria uma nova vida em um estado de desorganização total, com paranoia aguda e sem sequer pentear o cabelo. A teoria mais forte conecta a paranoia de Tammy a um perigo real.

Uma das teorias mais sombrias, embora não confirmada pela polícia, aponta para um nome conhecido em seu círculo. Em 2017, um rumor em sites de fofoca de Hollywood alegou que o destino de Tammy foi selado por seu próprio namorado na época, o ator Paul Land. A postagem, citando o sobrinho do suposto assassino como fonte, afirmava que Land a havia assassinado e descartado seu corpo em um pântano.

Essa alegação oferece um circuito fechado para a narrativa da crise de Tammy. Se sua paranoia de que "alguém estava tentando matá-la" era fato — talvez por ela ter descoberto segredos sobre lavagem de dinheiro ou outros crimes em seu círculo social de atores e figuras mais velhas —, isso legitimaria seus medos. Seu desaparecimento passaria de um ataque aleatório para um assassinato por acobertamento.

O mistério de Tammy Lynn Leppert, ocorrido em 6 de julho de 1983, permanece sem solução. A história dessa jovem é um sombrio aviso sobre os perigos ocultos por trás do glamour da juventude e da fama na Flórida dos anos 80. É um enigma que, como o ponto de referência do "Glass Bank" onde ela foi vista pela última vez, está à vista de todos, mas continua inacessível à verdade. As autoridades continuam a manter o caso ativo, na esperança de que, um dia, a estrela de Scarface possa finalmente ter seu nome e seu destino revelados.